O Vestuário Romântico
- jucemin
- May 18, 2015
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A restauração da monarquia francesa em 1815 estimulou a volta do conservadorismo europeu. A moda não só refletiu o retorno de teorias políticas do passado, invocando o período do Renascimento, como também abriu caminho para uma relação direta com os interesses do movimento artístico romântico.
A moda do período romântico (1777-1840) determinou as diferenças radicais entre os gêneros, com trajes de inspiração militar para os homens e, para as mulheres, roupas que enfatizavam a fragilidade, com cinturas finas e bustos fartos. O estilo reto de cima para baixo da saia império foi substituído gradualmente pela linha A, que surgiu nos anos 1820, com recortes em evasê que permitiam uma silhueta um pouco mais cheia. As saias ganharam volumes mais generosos nos anos 1830 e, no final do período romântico, anáguas com várias camadas criavam o formato sino por baixo da saia evasê com gomos. Utilizava-se também uma anquinha para dar mais roda à peça. As saias do período eram marcantes por causa da ornamentação nas barras, sendo que a bainha pairava entre os pés e o chão.

O retrato Arquiduquesa Sofia (1830), de Johann Nepomuk Ender, mostra o amplo decote e as mangas volumosas que caracterizavam a moda na era romântica. O cinto com a fivela dourada e os punhos adornados com joias realçavam a cintura e os pulsos finos.
A saída de cena do traje império assistiu ao retorno da linha natural da cintura entre 1825 e 1830. Consequentemente, a parte de cima dos vestidos da era romântica tinha que ser mais longa. No início, não era tão estruturada nem tinha muitas amarrações, com fechamentos nas costas e uma placa rígida de marfim ou de madeira colocada por baixo da parte frontal. Depois, as cinturas ficaram ainda mais finas, com a volta dos espartilhos mais restritivos. O corpinho em formato de bico dos anos 1840 foi reforçado com barbatanas de baleia para criar a cintura com basque frontal, que é o acréscimo de um babado ou franzido no cós da saia para ressaltar ainda mais a silhueta. Assim como os vestidos império, os trajes do período romântico eram, em geral, feitos de uma só peça: o corpo era costurado à saia, e a roupa ajustada nas costas. Entre os tecidos mais comuns, a organza, a seda e o tartan xadrez, sendo o último feito especificamente para um traje diurno e projetado para atividades ao ar livre (imagem abaixo).

Vestido diurno xadrez de manga longa, 1830.
Os decotes eram redondos, em V ou canoa. Eles revelavam os ombros, com mangas curtas para os trajes noturnos e compridas para os diurnos. Na verdade, ombros mais largos entraram na moda em 1830, porque criavam a impressão de uma cintura mais fina. Rufos no pescoço às vezes eram usados em trajes diurnos, ou babados eram acrescentados aos decotes canoa para ampliar o contorno dos ombros. Esse contraste entre a largura dos ombros e a cintura apertada foi enfatizado pelas mangas bufantes.

Roupa para a noite de organza e cetim de seda, 1830.
A manga medieval usada no vestido império foi substituída pela manga presunto, que era ampla do ombro ao cotovelo e depois justa até o pulso. Isso criava um volume de tecido na parte superior do braço. Em geral, as mangas apresentavam fendas para mostrar o contraste do material de baixo, e a moda pedia cores vibrantes.
Os ombros expostos eram cobertos com mantos largos de renda ou de linho, chamados pelerines. Xales de renda ou de caxemira aqueciam, assim como capas, paletós e casacos curtos. O cabelo era dividido ao meio, com anéis de cachos ao redor do rosto e preso em um coque atrás.
O Vestido Vitoriano
O grande exagero da forma feminina na era vitoriana (1837-1901) foi exemplificado pela crinolina na última metade do século XIX: ela foi ficando cada vez mais larga e atingiu sua apoteose em 1859, antes de se render à anquinha, em 1868. Neste período, a mulher era vista como o "anjo da casa", cuja a principal tarefa era supervisionar a manutenção do lar. A vida restrita e limitada das mulheres contrastava com muitos avanços tecnológicos do período, com a expansão industrial e o crescimento do império britânico.

Um exemplar de 1860 da armação de crinolina. O vestido era colocado sobre a armação com a juda de varas compridas e exigia o auxílio de uma camareira.
Muitas mudanças de roupas eram necessárias para ver a mulher vitoriana ao longo do dia. Vestidos diurnos incluiam o penhoar, uma túnica caseira usada pela manhã. Havia também um penhoar com pele na gola, também usado em casa pela manhã. O vestido rodado superenfeitado para o coquetel da tarde (entre os tecidos mais populares, a lã fina, o merino, a organdi e a musselina). A noite exigia uma mudança maior e, ao contrário da recatada roupa diurna, os vestidos noturnos eram extremamente decotados e feitos de tecidos finos como o veludo, a seda ou o tafetá de seda. Os decotes deixavam os ombros à mostra ou insunuavam o formato do coração.

Vestido xadrez para o dia (1857). Saia em formato de sino em tafetá de seda, usada sobre uma crinolina de metal com aros flexíveis. A crinolina não é totalmente redonda, tem mais volume na parte traseira da saia. O vestuário para o dia era recatado, visto a gola de renda apertada, colada na linha do pescoço. Tartãs e xadrezes eram escolha popular, estimulados pelo amor da rainha Vitória pela estampa.
À medida que a crinolina aumentava de tamanho, a saia ganhou mais nesgas para acomodar sua amplitude, apesar de ainda manter a cintura ajustada. Assim, surgiu um feitio de vestido sem cós destacando a modelagem da parte de cima, conhecida como "linha princesa". O estilo oferecia uma série de variações, que incluiam a polonesa, uma sobressaia com laços que fazia alusão às modas do século XVII. Os vestidos que continuavam a ser confeccionados com a parte de cima e saia separadas incluiam o corpete-armadura (1874), que realçava o plastrão de diferentes materiais usado sobre o corselete apertado e longo.
No final de 1870, a quantidade de tecido na saia mudou, o que levou a uma completa alteração de silhueta. As cinturas ficaram ainda mais finas , realçadas pela modelagem externa do corpo em formato de V e pelo pregueado horizontal da saia. A silhueta se tornou mais reta na frente, formando uma meia crinolina com o tecido preso na parte de trás dos quadris criando uma cauda. Em 1868, a crinolina saiu de moda e as amplas saias rodadas viraram sobressaias, presas por laços em uma anquinha na parte traseira, como mostra a imagem a seguir.

A mudança de formato da anquinha, representada na pintura "Too Early" (1873), de James Tissot.
A maior liberdade social das mulheres e o eficiente sistema de transportes tornaram o ato de fazer compras uma atividade de lazer. A quantidade de lojas de departamento burguesas nas grandes cidades forneciam um lugar seguro para que as mulheres comprassem "roupas prontas", ou seja, peças que não exigiam ajustes, como capas, xales, sobrecasacas amplas e produtos de marcas conhecidas.
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Filmes com Temática Romântica
A Época de Inocência (1993)
Nova York, 1870. Um advogado (Daniel Day-Lewis) está de casamento marcado com uma jovem (Winona Ryder) da aristocracia local, quando uma condessa (Michelle Pfeiffer), prima de sua noiva, volta da Europa após separar-se do marido. As idéias dela chocam a tradicional sociedade americana e, ao tentar defendê-la, o advogado se apaixona por ela e correspondido.
Drácula de Bram Stoker (1992)
No século XV, um líder e guerreiro dos Cárpatos renega a Igreja quando esta se recusa a enterrar em solo sagrado a mulher que amava, pois ela se matou acreditando que ele estava morto. Assim, perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado, descobre que a noiva deste a reencarnação da sua amada. Deste modo, o deixa preso com suas “noivas” e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana, no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos.
A Jovem Rainha Vitória (2009)
Dominada por sua mãe possessiva (Miranda Richardson) desde criança, a jovem Vitória (Emily Blunt) se recusa a conceder a ela a regência nos últimos dias de seu tio, William IV (Jim Broadbent). O maior interessado em que isto ocorra é John Conroy (Mark Strong), companheiro da mãe de Vitória, que sabe que perderá poder e prestígio tão logo ela alcance a maioridade e assuma a coroa inglesa. Pouco antes de ser coroada, Vitória se aproxima de Albert (Rupert Friend), príncipe da Bélgica, que se afeiçoa a ela. Após ser coroada ela passa a ser cortejada pelo lorde Melbourne (Paul Bettany), primeiro ministro da época. Dividida entre Melbourne e Albert, Vitória se vê diante de uma crise institucional devido à sua interferência nos assuntos políticos do país.
Alice no País das Maravilhas (2010)
Alice (Mia Wasikowska) é uma jovem de 17 anos que passa a seguir um coelho branco apressado, que sempre olha no relógio. Ela entra em um buraco que a leva ao País das Maravilhas, um local onde esteve há dez anos apesar de nada se lembrar dele. Lá ela é recepcionada pelo Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) e passa a lidar com seres fantásticos e mágicos, além da ira da poderosa Rainha de Copas (Helena Bonham Carter).
Cinderela (2015)
Após a trágica e inesperada morte do seu pai, Ella (Lily James) fica à mercê da sua terrível madrasta, Lady Tremaine (Cate Blanchett), e suas filhas Anastasia e Drisella. A jovem ganha o apelido de Cinderela e é obrigada a trabalhar como empregada na sua própria casa, mas continua otimista com a vida. Passeando na floresta, ela se encanta por um corajoso estranho (Richard Madden), sem desconfiar que ele é o príncipe do castelo. Cinderela recebe um convite para o grande baile e acredita que pode voltar a encontrar sua alma gêmea, mas seus planos vão por água abaixo quando a madrasta má rasga seu vestido. Agora, será preciso uma fada madrinha (Helena Bonham Carter) para mudar o seu destino.
Gangues de Nova York (2002)
Em plena Nova York de 1840, o jovem Amsterdam (Leonardo DiCaprio) busca se vingar de William "The Butcher" Cutting (Daniel Day-Lewis), o assassino de seu pai (Liam Neeson), que era o líder da gangue Dead Rabbits. Em sua jornada Amsterdam acaba se tornando amigo e homem de confiança de William, apaixonando-se também por Jenny Everdane (Cameron Diaz), uma bela jovem que é integrante de uma gangue rival.
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O Romantismo no Cenário Atual
Marchesa
Primavera 2011
Ready-to-Wear






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