O Luxo Rococó

Se o período Barroco representava o início de uma cultura de luxos e frivolidades, aqui estes hábitos atingem o seu máximo. Os estilos e silhuetas fundamentais da indumentária elegante perduraram durante o período rococó: o grand habit continuava a ser o modelo de traje formal e de corte. O que mudou, porém, foi a essência das peças - modelo e cor de tecidos, arremates, ornamentos e acessórios.

O estilo rococó é principalmente associado com a Europa continental, mas também foi influenciado pela moda de além-Mancha e além-Atlântico. A França ainda liderava o comércio de luxo e temporadas de moda regulares determinavam as preferências por determinadas cores ou estampas, e as ilustrações de moda divulgavam os últimos estilos da capital para consumidores do interior.

Na moda de luxo, a corte francesa dos Bourbon tem grande influência. Enquanto a corte de Luís XIV fora dominada por uma gama de cores ousadas e codificadas, o reinado de seu neto Luís XV (de 1715 a 1774) é associado a tons pastel mais suaves e a um recém surgido apreço pela assimetria. A moda não era estabelecida pela rainha, mas pelas exuberantes amantes do rei: a culta Madame de Pompadour e sua menos refinada companheira, Madame du Barry. O retrato da marquesa de Pompadour (abaixo) mostra galões aplicados em toda a superfície da roupa. O vestido de seda é debruado com rosas cor-de-rosa duplas e fileiras de babados de renda nos punhos e os sapatos de salto luís são enfeitados com pérolas.

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O retrato da Marquesa de Pompadour, por François Boucher (1756)

ilustra o gosto rococó por detalhes e enfeites

O período rococó foi particularmente caracterizado por sedas e chintzes estampados e bordados. Estilistas franceses e britânicos introduziram a cártula irregular: um espaço assimétrico ou em forma de concha no qual outro desenho, natural ou arquitetônico, podia surgir.

Em contraste com os estilos franceses, que usavam mais ornamentos decorativos, os tecidos e estampas dos ingleses enfatizavam motivos naturalistas, refletindo o interesse popular pela botânica advindo da chegada à Grâ-Bretanha de novas plantas vindas do mundo inteiro.

Estampa floral assimétrica e naturalista de 1742 assinada pela importante criadora de sedas

inglesa Anna Maria Garthaite.

Estimulada pelas atividades das companhias de comércio europeias no Extremo Oriente e na Índia, a paixão pela chinoiserie renasceu nesse período. Enquanto as sedas francesas tendiam a apresentar uma visão fantasiosa do Oriente, os tecelões britânicos "naturalizavam" os elementos utilizados. Carvalhos ingleses ladeavam dragões, pagodes e flores de maracujá. Catálogos de estampas com pássaros e animais exóticos estavam à disposição dos modelistas que não tivessem certeza da exatidão dos desenhos, fato que conduziu à uma aparência estilizada e uniforme.

Havia pregas sinuosas ou em zigue-zague no acabamento da parte principal da roupa ou na barra externa dianteira e uma fileira extra de babados em volta dos quadris, aumentando o volume das saias. Os babados eram muitas vezes suspensos como guirlandas e enfeitados com tecidos contrastantes. Influências orientais podiam ser vistas em alamares e apliques bordados costurados a tecidos de seda ou chintz.

Uma infinidade de acessórios era indispensável durante este período: muitos eram transportados em bolsos, pendurados em um cinto sob a saia externa, ou acessados pelo acionamento de alças de tecido. Leques, em especial, eram uma forma de exibir sedas de qualidade, e os mais caros eram de marfim esculpido e decorados com madrepérola. Acessórios masculinos como bengalas, óculos e espadas decorativas passaram a simbolizar interesses culturais, disponibilidade e até preferência sexual.

Nos anos 1770, a corte francesa inaugurou a moda de imensos penteados extravagantes. Essa moda foi particularmente associada a Maria Antonieta que, como delfina da França, popularizou um penteado bufante e alisado para trás com grandes cachos na nuca. Neste período, foi comum o uso de arranjos de cabeça fantasiosos, com os cabelos recheados de gaze e criações de grande extravagância - com flores, fileiras de pérolas e até réplicas de navios - fazendo alusão a acontecimentos da época.

Gravura Penteado à moda da independência ou o triunfo da liberdade (1778)

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Filmes com Temática Rococó

Maria Antonieta (2005)

A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada ainda adolescente à França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não pode mais esperar para explodir.

O Enigma do Colar (2001)

Jeanne de la Motte-Valois (Hilary Swank) é uma jovem que vive na França em pleno século XVIII, pouco antes do início da Revolução Francesa. Ela vive com uma família adotiva, já que sua família verdadeira, oriunda da nobreza do país, fora deixada sem dinheiro e sem nome quando ela ainda era uma criança. Agora Jeanne decide deixar sua atual família para reconquistar seu nome e sua posição na sociedade, mas para isto precisará enfrentar intrigas, desonestidade e lidar com um colar de diamantes que está no centro de tudo.

Ligações Perigosas (1998)

França, 1788. A Marquesa de Merteuil (Glenn Close) precisa de um favor do seu ex-amante, o Visconde de Valmont (John Malkovich), pois seu ex-marido está planejando se casar com uma jovem virgem e ela deseja que o Marquês, que é conhecido por sua vida devassa e suas conquistas amorosas, a seduza antes do dia do casamento. No entanto, ele tem outros planos, pois planeja conquistar uma bela mulher casada (Michelle Pfeiffer), que sempre se mostrou fiel ao marido e é religiosa. A Marquesa exige então uma prova escrita dos seus encontros amorosos e, se ele conseguir tal façanha, ela lhe promete como recompensa passarem uma noite juntos. Mas os jogos de sedução fogem do controle e os resultados são bem mais trágicos do que se podia imaginar.

A Inglesa e o Duque (2001)

Grace Elliot (Lucy Russell) é uma jovem aristocrata escocesa que vive em Paris durante a Revolução Francesa e tem um romance com o Duque de Orleans (Alain Libolt), primo do rei da França. O relacionamento do casal é bastante complicado e, quanto mais os acontecimentos políticos se agravam, mais ele se torna complexo. Grande defensora da monarquia, Grace não é capaz de conciliar seus sentimentos com as escolhas políticas do duque, partidário da morte do monarca. Esse dilema amoroso complica a situação da moça, que corre o risco de uma condenação à guilhotina, acusada de ser espiã da Inglaterra, grande inimiga da Revolução.

A Duquesa (2008)

Georgiana Spencer (Keira Knightley) casou-se aos 18 anos com o Duque de Devonshire (Ralph Fiennes), que queria a todo custo ter um filho. Possuindo o título de Duquesa de Devonshire, logo Georgiana demonstrou sua inteligência e perspicácia perante a corte inglesa. Entretanto ela não conseguia dar ao duque um filho, com todas as suas tentativas de ficar grávida resultando em abortos ou em filhas. Isto faz com que o relacionamento entre eles se deteriore, pouco a pouco.

Amadeus (1984)

Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus. O roteiro é livremente inspirado nas vidas dos compositores Wolfgang Amadeus Mozart e Antonio Salieri, que viveram em Viena, na Áustria, durante a segunda metade do século XVIII. O filme foi indicado para 53 prêmios, e recebeu 40, incluindo oito Oscars (entre eles o de melhor filme), quatro prêmios BAFTA, quatro Globos de Ouro e um prêmio DGA.

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